O cristianismo é intelectualmente honesto? Há quem opine que "crer" está brigado com "pensar", num sentido ou noutro: "Quem crê não pensa", ou "Quem pensa não crê". C.S.Lewis, romancista genial, erudito de renome, professor de Oxford e Cambridge, conhecido entre nós sobretudo pelas "Cartas de um demônio ao seu sobrinho" e pelos contos infanto-juvenis, não opina assim. Demonstra nestas páginas que esses verbos não só se harmonizam entre si, como se ajudam e reforçam mutuamente. É o já mais que milenar aforismo de Santo Agostinho: "Compreende para creres, crê para compreenderes". Cada argumento e cada imagem desta obra são uma tradução viva desse esforço. Cristão na primeira juventude, ateu aos treze anos, Lewis percorreu uma a uma as etapas de uma longa peregrinação que o levou de volta à fé. O materialismo, um certo namoro com o ocultismo e a magia, o racionalismo extremo e Freud, o idealismo germânico, o evolucionismo... Por fim, "durante o trimestre escolar da Páscoa de 1929, eu me rendi, admiti que Deus era Deus, ajoelhei-me e rezei: talvez fosse, naquela noite, o convertido mais desanimado e relutante de toda a Inglaterra". E, uns anos mais tarde, o passo final: "Acabo de converter-me da crença em Deus à crença definitiva em Cristo ao cristianismo", depois de conversar a fundo com uns amigos cristãos. Lewis foi arrastado à viva força para o cristianismo: arrastado pela sua própria lucidez mental, que o coração só seguia com extrema relutância. Mas não tardou a mostrar-se agradecido por isso: "Pessoas mal-intencionadas têm abusado tanto das palavras "compelle intrare", "obriga-os a entrar" (Lc 14, 23), que chegam a causar-nos calafrios; mas, bem entendidas, elas sondam as profundezas da Misericórdia divina. A dureza de Deus é mais amável que a suavidade dos homens, e a sua compulsão é a nossa libertação". É dessa experiência pessoal que estão saturadas todas as páginas deste livro. Mais do que uma exposição filosófica dos argumentos em favor do cristianismo, é um vivo retrato da luta interior que o Autor travou consigo mesmo para chegar à compreensão da fé, e do seu desejo de ajudar os outros a receber, como ele, a alegria de crer. O leitor católico encontrará aqui uma maneira renovadora de abordar as verdades da fé. O leitor que não crê, mas não está intelectualmente acomodado, uma introdução sincera ao cristianismo, formulada em linguagem "moderna". E todos, a amizade com um homem "ao mesmo tempo honesto, valente, intelectual: um erudito, um poeta e um filósofo e, ao menos depois de uma longa peregrinação, um verdadeiro amigo de Nosso Senhor".