São os dois principais objetivos deste trabalho. Apresentar uma revisão da historiografia da cidade colonial portuguesa e rever alguns pontos desta historiografia a partir de uma análise da cidade de São Paulo no período de governo do morgado de Mateus, entre 1765 e 1775. A historiografia sobre São Paulo é marcada por algumas tópicos que insistentemente se repetem: a pobreza da vila, depois cidade, a dispersão da população, o bandeirismo, o isolamento e a inexistência de um planejamento, ou melhor, de uma racionalidade urbana na política colonial portuguesa, a 'espontaneidade' na formação da cidade. Historiadores marcados pelo paradigma da ordem tendem a ver a São Paulo colonial sempre em termos da metrópole que ela se tornou posteriormente, de maneira teleológica e anacrônica, o que reforça os estereótipos da 'vila medíocre', miserável e sem importância. Amílcar Torrão Filho mostra que a cidade também é importante como braço administrativo e controlador da metrópole, além de importante centro comercial e político, bem como um espaço de experimentação legislativa e administrativa.