A consciência é o lugar misterioso de onde emerge o pensamento, a emoção, a vontade. Mas se a consciência pensa, será então possível pensar a consciência? O seu estudo está, actualmente, em plena efervescência. A partir das importantes descobertas em neurobiologia, os cientistas procuram, eles próprios, compreender a consciência, projecto que, até aqui, estava reservado aos filósofos e aos psicólogos. Mas, estará a ciência habilitada para tudo isto? É certo que podemos pensar a consciência como um fenómeno natural, senão simples, pelo menos redutível a uma matéria. Tratar-se-á de electricidade (os influxos nervosos), de química (os neurotransmissores), de biologia (as células)? A menos que não seja necessário ter em conta fenómenos ainda mais complexos para a ver emergir: será a consciência um fenómeno social? Linguístico? Psicológico? Maleável à vontade, a noção de consciência dobra-se de forma gentil a todas as hipóteses: da ciência mais dura à religião passando pela totalidade das disciplinas oficiais, apercebemo-nos que pensar a consciência engloba a totalidade do conhecimento e das interrogações humanas. Mas que haverá de mais normal? Depois de tudo, é pois a própria consciência que está na fonte de todos estes conhecimentos e interrogações.