Além do princípio do prazer apresenta um texto que não só define, por sua originalidade, os desenvolvimentos “ulteriores” do campo psicanalítico, mas também demarca a radicalidade da psicanálise freudiana em relação a outros saberes, tais como a religião e as filosofias morais. Desde Sócrates luta-se contra a idéia de que há um impulso maligno no homem, de que ele pode orientar-se para outra direção que não a do bem. Freud tocou na questão da moralidade humana ao falar da existência da pulsão de morte, da pura destrutividade que concorre com as forças “construtivas” do aparelho psíquico. A existência desse impulso à destruição nos permitiria falar numa espécie de malignidade constitutiva do ser humano.A psicanálise foi fundada a partir da observação do bem e do mal que os homens podem causar a si mesmos. O eixo da discussão deixa de lado a metafísica, a religião e o pragmatismo para concentrar-se na questão do gozo e do sentimento de culpa. Ambos passam a ser vistos como as verdadeiras bússolas que conduzem em direção àquilo que o homem nomeia como seu bem ou seu mal. Em Além do princípio do prazer, Freud põe em xeque a própria existência do acaso e do destino como influências eterminantes no curso de uma vida. Examina de perto casos como o de uma mulher que se casa e fica viúva três vezes seguidas, aparentemente sem que tivesse nenhum papel ativo em qualquer dos episódios.