Essas canções infantis ditas de ronda, ou de roda fazem parte da nossa infância e, por isso, sempre despertaram em mim o desejo de escrever poemas sobre elas. Adotei, como Villa-Lobos, o nome de cirandas. E tentei fazer o que ele fez e genialmente: assumi-las numa forma erudita, sem perder seu encanto e seu frescor. Assim, escolhi o soneto: forma de beleza imperecível e exigente, pela sua concisão e musicalidade. E é essa musicalidade que procurei manter nas minhas versões pessoais do patrimônio comum dos povos brasileiro e português. E, visto que muitas dessas cirandas têm várias versões, optei pela mais normativa gramaticalmente e mais sugestiva no seu conteúdo, ciente de que, primeiro: a forma e o ritmo de um poema fazem parte essencial desse conteúdo, já são significativos e poéticos por eles mesmos; depois, nada garante que as minhas opções reencontrem o original das rondas.