Os evangelhos apócrifos não são utilizados pelo cristianismo, bem como outros escritos do Novo Testamento, por serem fruto de revelações particulares e porque, de maneira exagerada, acentuam o extraordinário da vida de Jesus. O outro Jesus, do estudioso bíblico Antonio Piñero, publicado em co-edição entre PAULUS e Editora Mercuryo, apresenta outra face da vida de Jesus a partir desses textos que foram deixados de lado pela Igreja. Pela primeira vez em uma única obra, esses textos de dois mil anos são colocados numa ordem ¨cronológica¨ dos acontecimentos, apresentando uma história da vida de Jesus, com informações inusitadas e fatos interessantes como a gravidez de 3 meses de Maria (Ascensão de Isaías, 11,6.7.13) ou que Jesus era vegetariano e não aceitava o sacrifício tradicional do cordeiro na Páscoa, celebrando-a com pão e água na Última Ceia (Evangelho dos ebionitas, 7 e Evangelho de Marcião). Antonio Piñero nos mostra também muitos detalhes da história desconsiderados pela Bíblia como o fato de a união dos pais de Jesus não ter sido um casamento tradicional, já que Maria, com doze anos e órfã, teria ficado sob a custódia de José, depois de uma inusitada seleção entre os viúvos da região (Isaías,11,1 e Nascimento de Maria,7,4). José, já com idade avançada, viúvo há alguns anos e com seis filhos, a princípio não teria aceitado bem o encargo (Evangelho armênio da infância, 4,4-7). Outro fato não relatado é o de que Simeão, o mais novo de seus filhos, ter acompanhado o casal até Belém, quando do nascimento de Cristo. Curioso também é que o animal, cujo filhote serviu de montaria para a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém, era descendente da linhagem de Balaan, o que encerrava um ciclo de animais a serviço dos profetas (Atos de Tomé, 40).