Em Seu dedo é flor de lótus, o poeta Guilherme Gontijo Flores reimagina e reinventa em nossa língua, de forma extremamente pessoal, 53 poemas e 12 fragmentos que formam o corpus de toda a poesia amorosa do Antigo Egito que sobreviveu até os nossos dias. Anônimos e compostos entre os séculos XIII e XI a.C., estes versos foram transcritos da linguagem hieroglífica, que não registra vogais, e seu caráter lacunar leva os estudiosos a uma série de conjecturas que confrontam a própria ideia de um texto original. Esta e outras questões são abordadas em um alentado posfácio, em que o autor recuperando proposições de Jacques Derrida, Pascal Quignard e Henri Meschonnic discute o processo de recriação destes belos poemas. em teu amor habito por dias noites desperto ali deitado até a aurora teu corpo alenta o coração pelo desejo em tua voz meu corpo reacende de seu cansaço que eu possa então dizer não tem ninguém naquele coração além de mim.