Em um dia, em tão somente um dia da existência negra, cabem milhares de anos. Assim são as nossas histórias diárias. Assim é Um dia para famílias negras, de Davi Nunes. A história se ambienta na Salvador urbana contemporânea, onde encontramos Quemet, Cush, Ndongo, Quilombo. Nessa contemporaneidade recheada de Antiguidade Clássica e Período Ressurgente da história africana, revivemos o Brasil do século XVIII, acessamos memórias de infância e do que se passou hoje pela manhã. Um dia para famílias negras é, pois, milenar. Através de personagens atuais (jovens estudantes, uma professora universitária, um poeta de mil dengos...) revisitamos lugares, obras, sensações, de muitos tempos e lugares. Saímos do concreto ao invisível. Do asfalto – lugar das histórias da violência que arrebenta nosso espírito, a Aruanda, a casa, o lugar da reconstrução.