Em seu livro de estreia como escritora, Mana Bernardes se lança em um profundo mergulho em sua história familiar, atravessando suas memórias, seus desejos e amores, suas dores e frustrações, em um acerto de contas franco e visceral. A protagonista de sua história é a mãe, Rute, a relação desidealizada e o encontro das duas. Mana recupera episódios da infância, os encantos e percalços de uma criação alternativa, para entender o seu lugar como mulher no mundo hoje. A separação dos pais, as mudanças constantes de cidades e escolas, um acidente, a doença grave que lhe rasgou a barriga, a exigência precoce de autonomia, um abuso, a descoberta da sexualidade e do amor, o trabalho, o casamento. A história de Mana é singular e universal. A maneira em que narra tem ritmo e vocabulário próprios, que embalam essa conversa desenhada em ritos, de forma íntima, liberada, sem filtros. "Com a retirada do véu, que eu mesma nunca ousaria fazer, o que se lê às vezes pode fascinar, e outras doer, gerar repulsa. O que importa é que continuamos sempre, apesar dos fatos, interlocutoras, em constante provocação. Quando falamos ou calamos, com raiva ou com ternura. Seguimos.", aponta Rute Casoy, a Rute-mãe. Mana escreve sobre sua mãe para poder reescrever a relação das duas e da linhagem feminina de sua família. Nesse caminho de autoconhecimento e na busca incessante de realização de seu desejo de ser mãe, Mana descobre os inúmeros nascimentos e renascimentos possíveis quando olhamos de frente para nós mesmas.