"Nesses poemas ambientados em nossa desmesurada urbe, São Paulo transforma-se no cenário de um pisar rasteiro e sublime a um só tempo, delicado e vulgar, sujo e - no rastro de Sade - indutor de um sentido sexual refinado e não exangüe: fortíssimo. Essa "musa que pisa" conduz o poeta ao centro desse sentido, que lhe nomeia e é o lugar de origem dos poemas que lemos. No teatro do amor sádico, joga como a dominá-la o poeta. Melhor para o leitor, que nessa ilusão redescobre o velho tema elusivo da origem da poesia, o seu distinto perfume imemorial e, de fato, inenarrável, irreduzível a teorizações, figurações, acertos, e que desde o mundo clássico encontrou no arquétipo da musa uma perfeita ilustração."