A narrativa de um trauma coletivo, dentro das intimidades da ferida e que vigia a excursão da exaustão à que foi submetida a população do Norte. É dessa forma que Papéis amarelos de Raissa Jambur aborda a crise do oxigênio em Manaus durante a pandemia de covid-19. Não somente formulando um retrato dentro de contos simétricos, mas sobretudo recortando as sensações da agonia formada pelo cenário de descaso que resultou numa das maiores crises de saúde pública já presenciadas pela região Norte. Os contos exploram desde as imagens mais icônicas que foram relacionadas ao desastre, como também dá contorno e voz a dramas mais sutis que costumam ser negligenciados dentro das narrativas oficiais, mas que constroem a tessitura mais complexa do trauma. Somos postos como testemunhas e vigiamos o sono inquieto da sala Rosa, observamos o olhar depressivo dos pacientes que voluntariamente tiravam a máscara de oxigênio, adoecemos com as acompanhantes, a maioria mulheres, que sangravam em (...)