Em tempos de excitação tecnológica é importante encontrar e ler autores dispostos a navegar na contramão dos ventos dominantes. Dominique Wolton, neste Informar não é comunicar, atua como um vírus devastador. Ataca a base dos novos determinismos tecnológicos e, obviamente, sem negar a importância da tecnologia, ousa sustentar que o essencial continua não estando na técnica. Mais do que isso, defende que a comunicação é mais importante do que a informação para o vínculo e a identidade. Intelectual polêmico e corajoso, Wolton investe contra os excessos dos discursos que fazem da internet uma revolução total e afirma que sem mediação não há conhecimento. É pouco? Tem muito mais: este é um livro que destaca o papel do jornalismo e dos jornalistas profissionais. Wolton não acredita na ideia de que doravante cada um será jornalista e terá seu jornal sob a forma de blog ou de qualquer outra ferramenta apta a eliminar a mediação. O jornalismo exige formação. É um métier. Ajuda a selecionar, hierarquizar e validar informações. Implica uma deontologia. Recorre a técnicas consolidadas ao longo do tempo. Funciona com um serviço incontornável nas democracias. Wolton, propondo uma teoria da comunicação, desmitifica a utopia da comunicação direta, sem intermediários, e, acima de tudo, pergunta: quem pagará pela informação? A ideia de uma circulação totalmente gratuita de informações é ingênua, lesiva a produtores e consumidores, desonesta e, claro, fadada ao fracasso. Uma apropriação indébita. O ataque é frontal: "Toda uma geração acredita estar reinventado a profissão com a internet, às vezes, com razão, mas esquecendo frequentemente que outras gerações já experimentaram o mesmo fascínio por outros avanços tecnológicos, achando também que estavam "revolucionando" a profissão". Imperdível. Dominique Wolton é pesquisador do CNRS (França), fundador e diretor da prestigiosa revista Hermès, autor de inúmeros livros relevantes sobre comunicação, tecnologia e política e diretor do Instituto de Ciências da Comunicação. Pela Sulina, já publicou Internet, e depois? (2003).