Quando foi convidado para escrever uma coluna semanal na ilustrada, luiz felipe pondé recebeu de otavio frias filho, então diretor de redação da folha de s.paulo, a indicação de quebrar o coro dos contentes, isso é, desfazer consensos dos leitores sobre o que parece bom ou mau, certo ou errado. Essa é a árdua e nem por isso menos prazerosa tarefa que pondé, um dos principais filósofos da atualidade, vem realizando com coragem e galhardia ao longo de mais de dez anos, sem deixar de publicar uma coluna sequer. Naturalmente dotado de uma vocação para a iconoclastia, definida por ele próprio como a arte de não ter medo da opinião alheia, coisa rara em um mundo intelectual que agoniza sob a bota do ressentimento dos ofendidos profissionais, pondé talvez tenha sido o primeiro dos muitos contentes cujas certezas ele desfez em favor da honestidade intelectual. Ao abandonar a faculdade de medicina para cursar filosofia, o jovem aspirante a filósofo decerto conhecia as intempéries da futura profissão. Mas percebeu desde cedo que a academia era pequena sem a mídia, e que a ele pouco interessava ficar restrito aos muros da universidade. Herdeiro declarado de jornalistas filósofos como otto maria carpeaux, paulo francis e nelson rodrigues, luiz felipe pondé não conhece tabu que não possa ser abalado, unanimidade que não mereça crítica e, acima de tudo, verdade que não deva ser proferida. A essa mistura de alta voltagem, somase ainda o humor irreverente com que o colunista brinda seu caro leitor semanalmente, e o resultado é uma legião de seguidores (entusiastas ou críticos, mas leitores fiéis) incapazes de permanecer indiferentes ao chamado da filosofia na segunda-feira logo pela manhã. Uma das vozes mais originais e corajosas de seu tempo, pondé apresenta uma trajetória intelectual admirável, ilustrada por esta saborosa seleção de colunas, em que o leitor poderá revisitar seus textos mais emblemáticos, num voo panorâmico pelos principais temas do autor.Quando foi convidado para escrever uma coluna semanal na “Ilustrada”, Luiz Felipe Pondé recebeu de Otavio Frias Filho, então diretor de redação da Folha de S.Paulo, a indicação de “quebrar o coro dos contentes”, isso é, desfazer consensos dos leitores sobre o que parece bom ou mau, certo ou errado. Essa é a árdua – e nem por isso menos prazerosa – tarefa que Pondé, um dos principais filósofos da atualidade, vem realizando com coragem e galhardia ao longo de mais de dez anos, sem deixar de publicar uma coluna sequer."