O título desse livro veio inspirado na obra de Slavoj Zizek ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM o sublime objeto da ideologia, em que extrai de Marx a ideia de que o eles não sabem, traz à tona a cegueira consistente em um gozar que resiste à dissolução interpretativa, onde pretende situar as diferentes modalidades da presença do Real na ideologia. Zizek demonstra a verdade oculta do saber totalitário e do cinismo como modalidade ideológica dominante. Essa é a ideia que se pretende passar com o título da presente obra, trazendo para o mundo jurídico as questões da psicanálise em busca de um respaldo para os discursos totalitários nas decisões jurídicas pautadas na busca pela verdade real. Nesse momento, em que  decide o juiz conforme sua consciência, é quando o direito passa a ser substituído por convicções pessoais, e o magistrado reveste-se de supremacia com competência que não lhe é reconhecida.  Usa-se de uma máscara social como insígnia de poder para legitimar seu fetiche pela busca da verdade, e daí emana a afirmação de que o juiz é um cínico ideológico. A partir dessas constatações, após uma análise da ideologia como discurso da autoridade obscena, entramos nas questões hermenêuticas e seguimos com Lenio Streck naquilo que desenvolve como uma teoria da decisão judicial, capaz de construir respostas adequadas à Constituição. Eis a tentativa de reconhecer um limite do discurso ideológico, no que consiste, talvez, o gesto fundamental do que chamamos de condição pós-moderna.