A pesquisa apresenta diferentes aspectos da constituição da subjetividade do trabalhador que atua na construção de redes elétricas. Trata-se de um estudo realizado em uma Instaladora Elétrica, que utilizou como estratégia de coleta de dados grupos focais, entrevistas individuais, análise de documentos e diários de campo. Empregamos uma forma de análise de conteúdo de cunho semântico, proposta por Laurence Bardin. Abordamos teoricamente a realidade do trabalho no contexto capitalista contemporâneo, a constituição subjetiva do trabalhador em meio ao risco invisível, a relação do tempo com o trabalho e as questões em torno das especificidades do setor elétrico com as recentes privatizações. Os temas foram elaborados com base nas teorias de Christophe Dejours, além de uma perspectiva marxista da compreensão do trabalho. Utilizando também a teorização de Anthony Giddens, tratamos o conceito de risco de forma ampla, perpassando tanto a exposição à eletricidade quanto as relações subjetivas do entorno do trabalho, incluindo poder e hierarquia na empresa. Articuladores teóricos importantes foram os conceitos de segurança ontológica e confiança básica, propostos por Giddens. Os principais resultados apontam para a adoção, por parte da empresa, de lógicas próprias do tempo de trabalho no capitalismo, ligadas à necessidade de rapidez, que faz acelerar as ações do trabalhador, agravando a produção dos riscos. Destacamos a cooperação (ou sua falta) como indicador importante ao entendimento da relação do trabalhador com o risco, descortinando a dimensão política do problema e a mobilização dos trabalhadores como um caminho importante a ser desenvolvido, na busca pelo fortalecimento de ações que assegurem maiores condições de segurança ao trabalhador.