Muitos são os autores capazes de assustar os pais e encantar as crianças. Partindo da leitura dos contos de Horacio Quiroga, Oscar Wilde e João do Rio, podemos notar de que forma cada um dos autores conjuga seu "escrever para crianças" - mais doce e mágico em Wilde, mais sarcástico e bem-humorado em João do Rio, mais didático, no melhor sentido do termo, em Quiroga. De forma mais ou menos evidente, todos têm como objetivo a formação ética de seus leitores, a inserção de valores no imaginário de um público que ainda está aberto a este tipo de aquisição. Os três autores parecem compartilhar um mesmo código moral, que basicamente exalta o amor ao próximo e condena qualquer forma de preconceito. Esperamos conseguir demonstrar que não há motivo para sustos, que a beleza e o humor dos contos são as provas de que o bicho-papão só é mau quando quer, e que as crianças sabem que em cada um (e mesmo nelas) há um monstro capaz das maiores atrocidades e ternuras, a depender do momento e da necessidade.