Mitomanias reúne três histórias (Nau frágil, Ela nem me disse adeus e Adiós, Baby), embora em volumes separados, para maior comodidade do leitor, de sexo, violência e obsessão. Três novelas nas quais os protagonistas vivem no limite, apesar de protegidos pela mais cristalina aparência de normalidade, de si mesmos. À margem do sonho e da realidade, cada um busca o ponto de fuga, construindo vidas paralelas e (im)possibilidades concretas. O humor e a ironia devastam os personagens tanto quanto os dilemas que enfrentam e os perigos dissimulados na volta da esquina. Narrativas e estilos alternam-se, do gênero intimista ao policial, da sátira à crônica do cotidiano das grandes cidades, para contar a descida aos infernos de um serial-killer, de um marido apaixonado às últimas conseqüências e de um policial fracassado em busca do caso da sua vida. Todos buscam a verdade e percebem, em algum momento, que a verdade é uma serpente de aluguel. Insanos, canalhas, crentes fugazes, saltam do lado B da existência, numa sinfonia pós-vinil, em flagrantes que se materializam como imundações, mesclando demências precoces e tardias, todas, enfim, cobertas por mármores vermelhos. Mitomanias nunca perde o fio das coisas absolutamente terrenas, deliciosamente vividas, intensamente praticadas, irremediavelmente sofridas, estranhamente cantadas, fétidas de tão reais: um jorro, uma artilharia de todos os calibres, o canto do vinho na alma das garrafas, o retrato de uma época em recortes de jornais ou em imagens de televisão: Brasil, 40 balas. Folia!