O Discurso da Morte mergulha nas ambições e nas consequências das escolhas de uma raça que se torna vítima de seu próprio atrevimento. O mal que a corrói já não a maltrata talvez nunca a tenha maltratado de fora para dentro. Os textos poéticos vasculham o universo afetivo de um ser tão fraco quanto ambicioso, desvelando fissuras entre o discurso e as coisas do mundo tais como efetivamente são. A dor e a mágoa, esnobadas pela técnica, são apenas a consequência de algum problema datado. É assim que um pacto pela vida se torna um derradeiro pacto pela morte. Neste mundo, onde tudo é também o seu avesso, emoções tornam-se pedra e intenções morrem palavra. A obra, portanto, retrata a artificial cisão entre o mundo dos homens e o mundo da natureza, aqui entendido como o lugar de tudo o que há. Na medida em que se propõe a versar sobre a morte, revela os meandros de uma sociedade que inventa e teatraliza a vida.