“Barthes era, em essência, um leitor excepcional da cultura francesa, se entendemos esta qualificação como interpretação literária do mundo. Era um mestre de pensar, não na direção conceitual da filosofia, mas da beleza que o texto, ou qualquer ser humano, pudesse oferecer. Esse ponto cego, no âmago da imagem antes fixada, só percebi mais tarde. Esse ponto é precisamente o que, em A câmara clara, ele chama de ‘punctum’, um nada na superfície da foto que constitui para o observador uma atração irresistível. É um conceito instigante, que ajuda a defini-lo como pensador, embora jamais tenha reivindicado esse atributo.” — Do prefácio de Muniz Sodré