É com versos desse quilate, é com essa desabrida cadência de palavras, que Luiz de Miranda ascende ao primeiro plano de nossa poesia neste limiar de um tempo. A beleza de seu ritmo, de grande precisão técnica, surge com naturalidade, sem aparente esforço. Nesse largo movimento, dos Primeiros (untos, de Gonçalves Dias, à Trilogia do Azul, do Mar, da Madrugada e da Ventania, espraia-se toda uma conquista da palavra poética no Brasil. Os versos reunidos neste volume fazem pensar na constatação de Paul Claudel, de que a poesia é uma prece e de que somente através dela chegaremos à salvação. Assim é a explosão vocabular de Luiz de Miranda, que não se esgota nos primeiros contatos. Permanece viva na memória, rica, nítida, inconquistada.