Mulher, professora, tradutora, viajante, reformadora, escritora, Maria Guilhermina, Carla Simone Chamon o demonstra, soube como poucas brasileiras do período compartilhar com os homens de seu tempo a posição de intelectual engajada na discussão dos assuntos da educação no Brasil. Um dos méritos deste trabalho é, pois, enfocar Maria Guilhermina nessa complexa posição que lhe era, muitas vezes, reconhecida pelos próprios pares e que ela mesma, de forma consciente, ajudou a construir. Na realização de seu trabalho, Carla não apenas faz uma criteriosa revisão da historiografia da educação brasileira que se ocupa do período e da temática abordados, mas também mobiliza noções e categorias do campo da história e das ciências sociais em geral para melhor entender o seu objeto. Ela permite, assim, falar da especificidade de Maria Guilhermina, das proposições da professora e intelectual estudada sem que isso signifique percebê-la como alguém genial ou à frente de seu tempo, como é muito comum em trabalhos sobre sujeitos individuais. O trabalho nos mostra que, em suas experiências, os sujeitos são sempre singulares, mas nunca isolados. E é essa trama e os dramas que enredam decisivamente o sujeito em seu tempo que o trabalho da Carla nos ensina a apreender. Luciano Mendes de Faria Filho.