Émilie du Châtelet, escreveu Voltaire, era um grande homem cujo único defeito era ser mulher. Em uma época em que a educação era privilégio masculino, pagou duplamente pelo pecado de seu sexo: durante toda a vida, lutou contra a discriminação que a afastava da realização profissional. Após a morte, foi relegada ao papel de amante de Voltaire, sua possessão ou, na melhor das hipóteses, sua competente secretária. Mas foi o gênio de Châtelet que inspirou o principal homem do século da razão a escrever suas melhores obras. Ela o guiou pelas teorias de Newton, o que se configurou como a grande guinada na carreira do pensador. Intelectualmente superior, Châtelet teve papel-chave na transposição de verdades científicas para a era moderna. E a clássica fórmula de Einstein (E=mc2) nasceu diretamente de seu trabalho. Sua década juntos foi marcada não apenas pela literatura e pelo diálogo. Mas por fugas e trapaças nos jogos de cartas de Versalhes. O casal sobreviveu a ardis palacianos, perseguições, missões secretas junto a Frederico, o Grande, da Prússia. Quando finalmente puderam se dedicar um ao outro, criaram um instituto de pesquisa. Uma espécie de laboratório do futuro, onde entretinham grandes mentes e desenvolveram idéias radicais sobre a monarquia, o livre-arbítrio e os direitos da mulher. Em MENTES APAIXONADAS, David Bodanis resgata a história desse amor e seus desdobramentos e contribuições para um dos mais efervescentes períodos da história. Mescla episódios de romance, inspiração e intriga política com o relato lúcido dos avanços científicos da época. Disseca a queda do antigo regime e ilustra as sutis e quase imperceptíveis mudanças culturais do início do Iluminismo.