Distraia-se no arco das sobrancelhas enquanto nos avizinhamos com duvidosos tecidos de painas, coxas de quartzo e braços de morsa, garoando estalactites entre os dedos de quem agora já não traz as mãos abanando, mas se inclina a provar o viscoso de si na boca de outre. Nem a cultura nem a sua destruição são eróticas; é a fenda entre uma e outra que se torna erótica. O lugar mais erótico de um corpo não é lá onde o vestuário se entreabre?, aventa Roland Barthes em O Prazer do Texto. Nestas transmigrações, a ação contorna as bordas da página, preservando ao centro uma lacuna aberta ao devaneio. Esse intervalo entre gestos modifica a percepção do tempo-espaço da vivência erótica, emulando demoras de entidades vegetais, geológicas, aéreas. Para além da metáfora e da mecânica, libera-se a imaginação em três estágios, três colisões lúbricas, com refrescante sensualidade. Depois da precipitação de uma letra sobre outra, a estrela Aldebarã sopra um nome verdadeiro. Love calls you by(...)