Este livro de Valquíria Maroti Carozze cumpre tarefa nobre e necessária – reconstruir uma história com rigor documental e analisar o alcance do legado de Oneyda Alvarenga à democratização da cultura, em nosso país. Contribuição que se liga ao trabalho de concretizar a Discoteca Pública Municipal de São Paulo, uma das faces do projeto pioneiro de Mario de Andrade, diretor do Departamento de Cultura. A moça mineira, aluna do autor do Compêndio de História da Música no Conservatório Dramático de São Paulo, torna-se a discípula dileta com quem ele compartilha leituras, projetos e amigos. É, como ele, poeta que se sabe – também como gente – um ser de exceção, “gauche na vida”. Ele, o “louco” que vislumbra novos caminhos para a arte e para a sociedade. Ela, A menina boba, não apenas no livro assim batizado pelo mentor e amigo, poesia que deste modo a identifica, mas também na coragem de distrair-se dos caminhos que então se impunham a uma jovem mulher e enfrentar a tarefa difícil de dirigir e consolidar a primeira discoteca pública brasileira.