Abordar o holocausto nazista em um espetáculo teatral foi uma decisão difícil. Ainda mais quando as crenças artísticas assumidas partem da não representação, da performatividade, do hermetismo e de uma manifestação estética pautada no entendimento da dor e do silêncio. Essas são as premissas de meu trabalho artístico, que nortearam as decisões estéticas. Assim, neste livro eu ensaio teoricamente sobre as questões pessoais que me levaram a procurar uma aproximação entre a intervenção artística que venho realizando e o pensamento político de Hannah Arendt. Essa investida se tornou um longo processo que comportou uma graduação em Filosofia, uma viagem à Polônia e dois anos de treinamento técnico junto aos atores, para figurar corporalmente o tema. No entanto as reflexões aqui elencadas trazem uma cronologia específica: houve uma síntese e uma colagem ou seja, constituem uma operação estruturante sobre os relatos das experiências artísticas e as resenhas dos estudos teóricos com o (...)