Quando emergiu a geração do Cinema Novo, quais foram as evidências da impossibilidade de um outro olhar sobre as colónias portuguesas em obras de autor que foram censuradas e proibidas. Como é que a propaganda do Estado Novo filmou o modo português de estar no mundo. Este ensaio é um contributo decisivo para o estudo sobre a forma como Portugal imaginou, durante a ditadura, o seu colonialismo através da sétima arte. Em campo, é feita uma análise das representações coloniais impostas pelas actualidades cinematográficas de propaganda, nomeadamente, o Jornal Português e Imagens de Portugal, publicações financiadas pelo Estado Novo. Em contracampo, são recuperados três casos de filmes de autor proibidos: Catemb e Deixem-me ao menos subir às palmeiras, filmados em Moçambique por Manuel Faria de Almeida e Joaquim Lopes Barbosa, respectivamente, e ainda Esplendor selvagem, rodado em Angola, por António de Sousa.