A música de Schoenberg — músico que ao morrer em Los Angeles, em 1951, era reconhecido como um dos maiores compositores do século — provocou sempre ódio e controvérsias sem semelhança na história da música. Raras personalidades musicais deste século escaparam, em maior ou menor escala, à sua personalidade extraordinária, e às suas inovações musicais. Compositor, regente, pintor, libretista, tenista, professor, musicólogo, ensaísta, polemista, tudo exercitava com igual paixão. Em sua turbulenta carreira artística foi, com o mundo que o cercou, agressivo, sardônico, corajoso, simpático, piedoso, implacável, desconfiado; e, mestre carismático, dedicou-se aos discípulos com rara pertinácia, incentivando-os, protegendo-os; em resposta, foi por eles venerado. Lúcido e generoso, defendeu sem hesitar as obras de Mahler, e responde às superficialidades de um crítico do New York Times reconhecendo ter ele próprio outrora descartado estas mesmas obras como sem valor. Esta obra de René Leibowitz preenche portanto uma lacuna ao trazer por primeira vez Schoenberg ao leitor em língua portuguesa; vem ela enriquecida por um índice de nomes e assuntos por Peter Naumann; um prefácio por Willy Corrêa de Oliveira; um posfácio e o disco de Caio Pagano; é um lançamento pioneiro e imprescindível, ainda por vir acompanhado de abundante iconografia, por sua brilhante tradução, por exemplos e documentos trazendo mais luz à vida e à obra do autor do Pierrot Lunaire.