Há romances que atravessam os séculos conquistando leitores e exigindo uma renovada interpretação. É o caso de Hipérion, de Friedrich Hölderlin, uma das obras mais consagradas da literatura alemã. Reunindo as lembranças do herói Hipérion enviadas por cartas ao seu amigo Belarmino e à amada Diotima, o romance narra com delicada sensibilidade os sofrimentos trazidos por uma paixão distante e pelo ímpeto idealista que o move para a guerra. O cenário onde se dá o encontro entre o sentimento do amor mais puro e a entrega à luta sangrenta é o das ruínas da Grécia rebelada contra o Império Otomano no início do século 19, a mesma Grécia dos belos ideais de amor e sabedoria da Antigüidade.Conhecido como um dos maiores poetas alemães de todos os tempos, contemporâneo de Goethe, Schiller e Hegel, o poeta também escreveu ensaios filosóficos e uma tragédia. Sua obra permaneceu incompreendida por muitos anos, embora seus temas ligados à cultura grega da Antigüidade tenham sido fundamentais para o romantismo alemão. Mais de cinqüenta anos depois da morte do poeta, Nietzsche resgatou sua obra, valorizando o mundo nela idealizado. Desde então, Hölderlin foi definitivamente reconhecido e conquistou seu lugar entre os escritores que melhor representam a trajetória do humanismo dentro da cultura alemã.