No “tempo do rei”, com a vinda da família real portuguesa, o Rio de Janeiro conheceu transformações diversas que o singularizaram das demais cidades do Império Português. Novas instituições políticas e culturais foram criadas, fazendo da antiga colônia uma “nova Lisboa” e aperfeiçoando as artes e as ciências. Sem dúvida, muito já se escreveu sobre tais processos, ocorridos na cidade do Rio de Janeiro, ao longo da primeira metade do Oitocentos.O livro de Vinicius Cranek Gagliardo traz, no entanto, um olhar inovador sobre o tema. Jovem historiador, ele demonstrou grande sensibilidade ao analisar a dicotomia civilização/atraso, que predominou no discurso das elites intelectuais do século XIX. Por meio de um texto escrito com clareza, expõe temática instigante e original. Utilizando-se de um rico conjunto de fontes – os Códices e os Editais da Intendência de Polícia, os periódicos da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro e os relatos de inúmeros viajantes que passaram pela cidade naquele período –, Vinicius apresenta, a partir de leituras distintas, o processo de europeização e o grau de civilização alcançadas pelo Rio de Janeiro.