"Memórias do subsolo" é um pequeno romance publicado em 1864. Considerada uma obra precursora do existencialismo e da psicanálise, traz na primeira parte o monólogo de um homem amargurado e amargo, um homem subterrâneo, sem nome ou relações sociais, um empregado aposentado, em cuja própria existência não vê nenhum sentido, e que se dirige diretamente ao leitor. Tenta envolvê-lo, convencê-lo e comovê-lo com hipóteses sobre si mesmo e sua possível redenção, talvez via a ação, nem que seja fazer o mal para afinal concluir que o melhor é não fazer nada. Na segunda parte, numa espécie de fluxo de consciência (técnica narrativa que seria mais tarde levada ao limite por Joyce), surgem as duras lembranças de situações e discursos que, numa sociedade hierarquizada, submetem e emparedam os humilhados e ofendidos.Todo homem tem algumas lembranças que ele não conta a todo mundo, mas apenas a seus amigos.