Neste livro, Wilson Alves-Bezerra propõe, inicialmente, uma revisão crítica da obra narrativa do contista uruguaio Horacio Quiroga (1878-1937) a partir da categoria da fronteira, entendida como o discurso do estabelecimento das fronteiras argentinas constituído ao longo do século XIX. Assim, a proposta consiste em verificar como esse discurso reverbera na obra literária de Quiroga. Para tanto, o autor parte da reflexão do crítico Ángel Rama sobre a transculturação, discutindo-a e apropriando-se, em outra chave, dos três âmbitos de análise propostos em seu modelo: o lingüístico, o literário e o ideológico. Com este trabalho, pretende-se também conferir um estatuto à obra de Quiroga a partir de sua forma, de modo a evitar os reducionismos que atribuem ao contista uruguaio os epítetos de escritor regionalista ou realista.