Osrecorrentes intercâmbios entre areligião eapolítica põemem evidência a dissolução das fronteiras institucionais queas mantinham isoladas, em territórios seguros. Os constantesdeslocamentos produziram aproximações e atravessamentos, quedesencadearam a penetração da religião no espaço público da políticae a inserção da política nos contextos privados da religião. A religiãotornou-se permeável às interferências da política e maleável para ingressarno universo político.Os evangélicos realizaram esse movimento de forma expressiva, substituindoo tradicional repúdio à política pela participação ativa doséis no processo político-eleitoral. Em tempos de crise política, instabilidadedemocrática e insegurança institucional, amplia-se a demonizaçãoda política, que parece justi car o engajamento político dosevangélicos cuja missão consiste em disseminar a ética nesse territórioimpregnado de corrupção. Com propósitos messiânicos, os religiosospolitizam a fé e sacralizam a política. O descrédito da política, a desesperançana democracia e a desilusão no futuro terminam deslocando aaposta da população para candidatos cristãos, que se apresentam comorepresentantes da verdade, despertando a con ança de seus eleitores/éis. Esse fenômeno híbrido requer um exame aprofundado de suasespeci cidades dada a fragmentação e diversidade dos novos movimentosreligiosos. Embora a homogeneidade, a unidade e a organicidadepareçam caracterizar os evangélicos, o que os de ne é a pluralidade.Qualquer análise que se proponha compreendê-los a partir degeneralizações certamente incorrerá em equívocos e produzirá simpli-cações, que restringirão as possibilidades de compreensão.O que o hibridismo resultante da intersecção entre a religião e a políticapode ocasionar? Quais impactos pode causar a presença desses atoresreligiosos na política? Será que se justi cam os medos modernosdecorrentes do envolvimento dos éis com a política? Seria apropriadaa tese de que a inserção dos evangélicos na política é um risc