O rádio estava no auge de sua popularidade e Noel Rosa trabalhava em diversas emissoras quando, em 1935, seu parceiro Almirante propôs à Rádio Club do Brasil um programa com o mote "Como se as óperas célebres do mundo houvessem nascido aqui, no Rio...". Desse projeto surgem as três revistas radiofônicas compostas por Noel: as paródias O ladrão de galinhas e O barbeiro de Niterói, além de A noiva do condutor, a mais elaborada delas e única com tema musical inédito, com partituras compostas em parceria com o maestro húngaro Arnold Glückmann. Um namoro de portão abre espaço para os versos bem-humorados de Noel, que rapidamente nos familiariza com personagens caricatos, de traços exagerados. A opereta transita entre o subúrbio e as elegantes avenidas do centro do Rio de Janeiro, retratando, no mesmo bonde, um cavalheiro da pomposa elite carioca e uma família suburbana cuja maior preocupação é certificar-se dos dotes do pretendente da jovem Helena. "O amor sem nota não tem mais-valia", afirma em certo momento o pai da noiva, deixando claro que o tom da opereta quebra a seriedade e o romantismo do enredo e que, sem fugir à regra de Noel, o que fala mais alto é a vontade de zombar dos assuntos cotidianos.