Há várias maneiras de se definir um conto. Mas o bom contador de histórias não se limita a nenhuma delas. Escreve para contar, apenas isso. Assim o faz Edmar Monteiro Filho, que vai criando suas histórias como se compusesse um mosaico em que o arranjo das pedras dispostas revela no final o desenho da perfeita condução do texto. Sua riqueza está nas imagens que cria. Há uma pluralidade de detalhes sensoriais que nos enreda e nos faz sentir presentes na cena. Sua linguagem é precisa. Nada está ao acaso. E da mesma maneira como é exigente com a escolha exata da palavra, também exige uma leitura atenta onde cada vocábulo, cada inflexão e cada harmonia são imprescindíveis para manter o fio da narrativa. O que se vê é uma fluidez que cruza com destreza as fronteiras aparentes entre uma profunda reflexão existencial e uma mera descrição. Há textos longos e outros bem curtos, há os de um instante e há os que se desenrolam sem pressa e atravessam gerações.