Em finais de 2004 um engenheiro mecânico sírio, Abu Musab al-Suri, colocou na internet, em sites jihadistas, um longo tratado de 1,600 páginas com o título de A Chamada para uma Resistência Islâmica Global. Tendo lutado ao lado de Osama bin Laden no Afeganistão, al-Suri, um dos "ideólogos" da al-Qaeda, personificava um jihadista transnacional. Foi capturado no Paquistão em 2005 e está preso. A sua recomendação central foi a de que a al-Qaeda se devia tornar numa "ordem": a al-Qaeda deveria radicar numa "base central" simples, que ganharia em tão-só fornecer orientações genéricas a "células semi-autónomas" distribuídas por todo o Mundo - limitando-se a providenciar-lhes "guiões" doutrinários e modelos genéricos de comportamento.Ao que tudo indica, Abu Musab al-Suri levou a sua avante: a al-Qaeda integra hoje uma rede sui generis com uma estrutura organizacional em constante evolução. Parece, assim, estar em gestação uma "ordem" como a anunciada. Se estiver, em que consistem as conexões que a constituem, como entre elas circula informação - e, sobretudo, o que significa "aprender" - numa entidade desse tipo? Mais, como a podemos combater? O presente estudo tem a finalidade de dar uma achega ao conhecimento que temos de formas organizacionais como a da al-Qaeda.