A morte esmiuçada, poetizada, romantizada ou escrutinada é sempre a morte. O fim de um discurso no tempo que não pode mais ser retomado senão como reminiscências. Última pontuação num capítulo cujo protagonista pode deixar as páginas em branco. Indelével porque definitiva. O ponto final é, aqui, definitivamente final. Se há continuidade e muitos insistem em dizer que há ela cobre espaços que não existem nas dimensões ísicas. A morte é um bem? Ela é um mal? Até mesmo em termos maniqueístas, a morte é relativa. Para Aguinaldo Gonçalves, a morte apresenta-se devorando o tempo, personificada no sopro fétido de um sorriso cariado. Seja nos poemas de Bandeira, de Pessoa, na arte de Berman, de Dali, de Rembrandt, ou na filosofia de Nietzsche, a morte deixa sempre o vazio por onde passa. Mais que o medo da dor ou da finitude, a morte interroga o ser e questiona a sua suposta importância. A consciência de continuidade do mundo pós-finitude do próprio ego talvez seja aquilo que mais [...]