Estreia do médico e poeta Paulo Rosenbaum como romancista, A VERDADE LANÇADA AO SOLO é uma história em três tempos que parte da tradição judaica para questionar o lugar do homem na Terra. Neste livro singular, de rara originalidade autoral, elos inusitados e potentes metáforas desequilibram o leitor num enredo denso, que mistura drama, aventura, religião e política. Em 1856, na aldeia judaica de Tisla, no interior da Polônia, Zult Talb é um rabino com dons proféticos. Ele é o ponto de partida de um itinerário que divaga pelo tempo e corre o mundo: Brasil, Alpes suíços, cidades mediterrâneas e Europa oriental. Um dos últimos de uma linha de justos, o rabino filósofo quer preservar um dos segredos mais cobiçados da história: a devekut, um estado alterado de consciência pelo qual se experimenta no corpo a energia de Deus. Antevendo a proximidade de uma grande catástrofe, deve fazer com que seu manuscrito, com a narrativa da experiência, seja remetido ao futuro. Costurado através de três episódios, o romance pula gerações e migra do século XIX para o XXI no segundo livro. Dois amigos, um ex-viciado em drogas e um ex-médico, viajam aos Alpes e, enganados pelas promessas de que o degelo generalizado favoreceria amadores nas escaladas, acabam presos pela neve numa estação isolada. Divididos entre a esperança e a resignação, tentam sobreviver no topo de uma montanha, sob condições extremas, enquanto conversam sobre o sentido da vida. Na última parte, o médico descendente do rabino de Tisla, afastado das tradições judaicas, vive uma estranha experiência. Durante um plantão, um de seus pacientes é o portador de uma mensagem do passado que, com urgência, precisa ser esclarecida. Depois do anúncio da morte da transcendência, do massacre da natureza e da elevação da ciência ao patamar de dogma, há como aproximar novamente a vida espiritual ao mundo dos homens? Este final da pós-modernidade trouxe de volta muitas questões filosóficas que se pensavam superadas: qual o significado das tradições religiosas? Como os mortos e suas memórias entram em nossas vidas? O que é ser justo? Tudo pareceria uma grande utopia se Yan Talb não estivesse disposto a descobrir as respostas.