Nascemos com uma mesada no bolso, crescemos com fundos comunitários e gerimos com base nos orçamentos aprovados. É assim que uma geração perde a competência de criar riqueza. Porque há orçamento, o princípio mais elementar do retorno econômico é colocado em segundo plano e o desperdício em vaidades, imediatismos e interesses pessoais é assombroso. Como sempre tivemos a mesada do orçamento, quando não temos, exigimos porque estamos habituados a este modelo de sobrevivência de luxo. Podemos controlar todos os orçamentos, premiar até os gestores porque não gastaram mais do que o que lhes demos, mas, se não criarmos riqueza, o precipício é como a gravidade, podemos não dar conta, mas está lá e é inevitável. A orçamentação (mesada) é um dos rituais de gestão moderna, dos mais ineficazes e improdutivos e tem graves consequências ao nível do princípio da criação de valor e da sustentabilidade, missão a que supostamente se destina. Acima de tudo, o processo de orçamentação limita-se, nos dias de hoje, a um jogo de poder, desajustado do interesse coletivo e social.