Este livro tem como objeto a Educação e as relações mestre-discipulares no reino visigodo no século VII, com ênfase na vinculação entre tais relações e a reformulação e organização da Igreja na Península Ibérica. Esta proposta se reporta à recorrência de instrumentalizações pedagógicas presentes no discurso do episcopado visigótico, valendo-se constantemente de fórmulas que sublinham a necessidade do aprendizado, da valorização dos mestres e da institucionalização da educação. Entendemos que em meio ao hiato sócio-político enfrentado pelo episcopado visigodo no século VII, que se via envolto em disputas políticas, alguns membros destacados da elite eclesiástica buscam fortalecer os discursos específicos da Igreja. Nesse papel, sobretudo Isidoro de Sevilha reforça a relação mestre-discipular e a educação como forma de regular e indicar posições do clero frente à sociedade, estabelecer hierarquias e legitimidade. Este projeto, uma vez idealizado pelo sevilhano, teve que enfrentar os localismos. No pragmatismo de Bráulio de Saragoça e no papel representado por seus discípulos, identificamos que a proposição ganhou reconhecimento e recorrência, sendo uma fórmula repetida mesmo no enfrentamento de grupos rivais.