Com uma vasta experiência de pesquisa teórica e prática em diversas partes do mundo, como Bolívia, Peru, países da África Negra e França, Eric Sabourin examina neste trabalho as transformações vivenciadas pelas comunidades rurais e camponesas do Brasil nas últimas décadas. Com uma leitura sociológica e antropológica, o autor atualiza e traz para a realidade do novo século questões que marcaram o contexto rural brasileiro do século XX. Entre os novos elementos destacados, uma análise da agricultura familiar em relação ao desenvolvimento sustentável, a evolução nas relações de reciprocidade entre os camponeses e o avanço das relações mercantis em sociedades em que era baixo o nível de monetarização. Por meio de uma pesquisa rigorosa e bem fundamentada, Eric Sabourin aponta para diversas situações intermediárias que se estabelecem entre a lógica social e econômica da troca e a lógica da reciprocidade. Com isso, conclui que a verdadeira contribuição da agricultura familiar e camponesa para a economia do Brasil acaba sendo escondida pelos discursos ideológicos, pela mídia, pelas políticas públicas e até pelas estatísticas, tornando esses camponeses invisíveis em seu próprio país. Essas políticas, mesmo as destinadas à pequena agricultura, ainda são, na sua maioria, concebidas para um modelo de agricultor familiar integrado ao mercado capitalista e funcionando com uma lógica de pequeno empresário capitalista. A atualidade de Camponeses do Brasil consiste também no cruzamento entre a análise de comunidades camponesas em sua relação com o meio ambiente e na abordagem de instrumentos recentes de política social, como o Bolsa Família. Com todos esses elementos, a obra se mostra fundamental para a discussão de políticas públicas destinadas à agricultura e também para a atualização dos debates acadêmicos sobre o tema.