Em 'Batismo de sangue', Frei Betto compartilha suas descobertas recentes sobre as circunstâncias da morte de Carlos Marighella, líder da Ação Libertadora Nacional (ALN) assassinado em 1969. Fica ainda mais forte a tese de que aquele crime fora planejado de modo a não apenas eliminar o maior inimigo do regime militar, mas também jogar a esquerda contra os frades dominicanos, enfraquecendo a oposição à ditadura. Do dia para a noite, os religiosos passaram de colaboradores da guerrilha a traidores, graças a uma farsa muito bem tecida pelo Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops). Um dos eixos mais fascinantes de 'Batismo de sangue' é a história de como os frades da Ordem dos Dominicanos davam apoio logístico à ALN. Numa época em que marxismo era também sinônimo de ateísmo, a população não poderia sequer sonhar com a hipótese de que os inimigos do regime encontravam apoio naqueles insuspeitos religiosos católicos. Como conciliar fé cristã com ação política revolucionária? Esta é uma das questões que Frei Betto elucida neste livro. Também colabora para a importância de 'Batismo de sangue' a denúncia dos métodos de tortura utilizados pela polícia naquela época. Lancado originalmente em 1982, Batismo de sangue ganhou o premio Jabuti na categoria de melhor livro de memorias, foi traduzido para o frances e o italiano e e hoje considerado um dos classicos da literatura brasileira no seculo XX. Frei Betto traca o perfil politico de Carlos Marighella e narra os episodios em torno de sua morte, fala da participacao dos frades dominicanos no movimento guerrilheiro, de seus tempos na clandestinidade, de sua atuacao no esquema de fronteira retirando perseguidos politicos do pais , e nos abre o dossie completo de Frei Tito, o religioso brasileiro que se tornou simbolo internacional da tortura no Brasil. Esta nova edicao, revista e ampliada, traz fatos e nomes que foram omitidos nas edicoes anteriores, lancadas sob o regime militar. Frei Betto revela quem era o homem que, num Mercedes-Benz, conduzia Marighella pelas ruas de Sao Paulo, com quem o lider revolucionario esteve pouco antes de morrer, qual a verdadeira identidade de todos aqueles que fugiram do pais pelo esquema de fronteira e de quem foi a ideia de sequestrar o embaixador norte-americano, em 1969. Batismo de sangue e um livro fundamental acerca da historia dos anos de chumbo, escrito por um de seus destacados protagonistas.