O que o som tem a ver com olhar? O que este tem a ver com os demais sentidos? Melhor ainda seria perguntar como os sentidos podem criar uma imagem e esta, por consequência, sensibilizar seu leitor. Talvez a chave desse pensamento ontológico esteja no denominador comum que sustenta o questionamento: o fotógrafo e sua relação com a imagem, a construção de uma expressão gráfica oriunda dos sentimentos dele. Na acepção mais simples, sensações íntimas, intuição ou afeto. Mas, acima de tudo, esse fotógrafo deve ter a rara aptidão para sentir. A movimentação da bola por campos incomuns, feitos de água, folhas ou barro, elementos da consistência amazônica, tem seu som, ou melhor, como diz Maurício de Paiva, seus alaridos! Por onde ela rola (ou desliza), há também a criação de um acontecimento paralelo, quase como outra dimensão: são aqueles sons intrínsecos da floresta, aqueles que surgem e se sacramentam pelas lendas transmitidas oralmente, ancestralidade a ser reverenciada também pela imagem fotográfica.