Originalmente estes textos foram apresentados na I Jornada de Criminologia e Subjetividade. A iniciativa deste evento está associada a uma conjuntura que perdura e se aprofunda, que é o permanente apelo punitivo que vem de todos os lados e começa a ter boa acolhida no governo federal, com seus diferentes movimentos de revisão das leis de execução penal com o intuito de tornar a vida dos presos "mais infernal".Que estas revisões afetem importantes conquistas no campo dos Direitos Humanos, num país historicamente marcado pelo escasso caráter civilizatório da relação da classe dominante com as subalternas, é muito estarrecedor. Que estas revisões sejam aventadas num governo eleito pelas forças democráticas e populares é paradoxal. Para evitar o velho imobilismo que o estarrecimento e os paradoxos produzem, um grupo de conhecidos ativistas da luta por uma sociedade sem punições realizou a jornada procurando ao mesmo tempo pensar saídas e protestar contra o retrocesso.A jornada pretende criar um campo político-teórico de enfrentamento a sanha punitiva do capitalismo tardio, seja no quadro nacional, seja nas intervenções e ocupações do imperialismo norte-americano ou europeu nos países periféricos. Pensamos que do Afeganistão ao Iraque, da Colômbia ao Haiti, das ocupações policiais dos morros do Rio, as criminalizações e assassinatos de sem-terras e sem-tetos, há uma única lógica em curso, reduzir a vida humana e a natureza a uma coisa manipulável e sob controle do processo destrutivo de transformação do mundo num imenso empório de mercadorias e seus refugos.