A redescoberta do budismo no mundo ocidental no século XXI, embora seja um fato inquestionável, é relativamente tão recente que se torna difícil ter uma dimensão real dos efeitos desse acontecimento sobre a subjetividade ocidental. Alguns pretendem que tal fenômeno pode ser comparado ao impacto que a redescoberta da cultura grega teve sobre a Europa na época do Renascimento, outros ainda preferem vê-lo como uma última ironia pós-moderna. Este livro não toma posição nesse debate, mas pretende lançar algumas linhas de reflexão que auxiliem, por um lado, a contextualizar esse acontecimento e, por outro, a ampliar o debate sobre as questões relativas à noção de "sujeito" utilizada pelos teóricos da psicanálise, mediante a apresentação de outra modalidade de concepção da subjetividade. A questão do "eu budista" aparece aqui em primeiro plano.