Preparece para entrar no gabinete do Dr. Bettelheim. Aqui, quem se deita ao divã são personalidades que você conhece desde a infância: Branca de Neve, chapeuzinho Vermelho, Bela Adormecida e Gata Borralheira. Meninas, infelizmente, um pouco esquecidas nos dias de hoje. Dias que preferem aceitar os personagens assépticos e monocórdicos da literatura infantil contemporânea a encarar a complexidade conflitual do mundo dos contos de fadas. Foi preciso aparecer um psicanalista como Bruno Bettelheim para resgatar esses contos do limbo e revelar sua capacidade ímpar em dar sentido as experiências infantis. Pois ele soube compreender a advertência desmistificadora de Freud: não adianta envolver a criança com narrativas sobre um mundo cor de rosa se a experiência cotidiana sempre prova o contrário. Melhor é colocá-las de frente a um mundo onde os sentimentos de agressividade possam ser reconhecidos, ao invés de simplesmente recalcados.