Este livro é não só a mais famosa obra da literatura política de todos os tempos, como também a mais discutida e a que é tida, aliás, sem razão, no mais baixo conceito, por parte dos críticos hipócritas, impiedosos e invejosos. Notáveis as polêmicas que suscitou como, entre outras, a violenta reação dos católicos, a cólera daqueles que mais lhe seguiram os preceitos, como Frederico II da Prússia, bem como suas modernas reavaliações. A interpretação dessa obra permanece ainda problemática, debatida, obscura, paradoxal. Cumpre observar que o Príncipe, um governante experimentado, tinha discernimento suficiente para extrair da obra apenas o que lhe interessava, não se deixando influir, de modo algum, por todos os conselhos e por todas as sugestões do autor e também deve ter sorrido complacentemente quando leu, na parte final do intróito, o criticável lamento de Maquiavel, que teria suportado, "imerecidamente, grande e contínua maldade do destino