Neste delicioso e comovente romance, que se passa na década de 60, Livia Garcia-Roza juntou diversas vozes para compor o retrato de uma família. O vernáculo do pai, que mistura instrução com intuição em uma linguagem muito singular. A crendice da mãe, que fala sozinha e ora para a tia madrinha expulsar o Capeta da casa. A perfeição de Cristina até na hora de dormir, exemplo a ser seguido pelos mais novos. A falação de Matilde, irmã devota. As brincadeiras de Mateus, o temporão. O sotaque caipira que não disfarça de onde vieram. Mas não se trata de qualquer família, e sim de uma especial: a Moreira. Afinal, cedo o pai ensinou que todos deveriam honrar a linhagem, “tínhamos que ser uma família de direitos, andar com a cabeça erguida, fronte altaneira e o pensamento limpo”. Como típica irmã que vê a mais velha como modelo, o sonho de Cristina passa a ser também o de Matilde: conhecer o Rio de Janeiro. Criadas numa cidade pequena, sem perspectivas, as duas compartilham o desejo de, passado o vestibular, cursar a universidade na cidade maravilhosa. Contudo, o destino será traiçoeiro. Elas terão a oportunidade de realizar a viagem e conhecer a tão sonhada Copacabana, mas a experiência talvez não saia exatamente como planejaram, e os motivos revelam-se mais cruéis e dolorosos que os sonhados.