Esta obra de Manuel Viegas Tavares flui entre duas margens, a Educação e a Antropologia, que nunca se perdem de vista, exactamente como a acção que o autor tem desenvolvido ao longo de décadas. Profundo conhecedor do fenómeno educativo, como a sua vasta e prestigiada carreira no Ministério da Educação atesta, desde sempre que a Antropologia foi o seu campo de investigação. Não uma Antropologia livresca e especulativa mas a ciência onde o Homem interroga o outro Homem, onde questiona angustiadamente porquês e onde Viegas Tavares tenta descortinar como pode servir melhor os outros homens. As minorias surgem na sua obra como símbolos maiores das vítimas que somos todos os que vivem na sociedade que deixámos que criassem e a educação como a última resposta e a derradeira esperança, na esteira da corrida entre a Educação e a Catástrofe que H. G. Wells profetizava. Viegas Tavares, ao longo deste trabalho, sério e rigoroso, não se distanciou do rumo que a sua forma de estar e de ser determinou. Se, já em 1985, no colóquio "100 Anos de Ensino da Antropologia em Portugal" definia Escola como sendo "uma instituição pedagógica cuja função de ser é preparar os jovens, através do processo de Ensino/Aprendizagem, para que a sua entrada na vida adulta se faça com autonomia e autoconfiança, pela qualidade de iniciativa, responsabilidade e independência, que dentro de um espírito de justiça e de liberdade lhes deve incutir, tem que estar preparada para implementar essas mesmas qualidades na prossecução de um desenvolvimento cultural total, dentro do espírito democrático consignado na Constituição, visando o progresso socioeconómico, moral e científico da Nação", em artigo publicado em Outubro de 1998 na revista Informação, da Inspecção-Geral da Educação, denuncia que "O sonho enquanto efabulação está ausente dos programas e não é incentivado; as matérias ensinadas, porque na maioria desinteressantes, pouco representam e, como não existe a vigilância simbólica da "Máscara" nem o respeito pelos "anciãos", a criança/adolescente enfrenta sozinha o desafio a que a sociedade a obriga - a frequência da escola para poder ser adulto, sem ritos ou rituais esotéricos que a valorizem por si mesmos." MANUEL VIEGAS TAVARES nascido em 15 de Janeiro de 1938 em Cardigos. Doutorado em Antropologia pela Universidade Nova de Lisboa. Inspector Superior Principal do Ministério da Educação. Professor associado convidado da Universidade Moderna de Lisboa. Vários artigos publicados em jornais e revistas da especialidade. Autor do livro de poemas Mestiçagens.