A memória transformada em palavra. Memórias do esquecimento, do jornalista Flávio Tavares, reconstrói, no tempo e no espaço, os bastidores da luta armada no Brasil contra os militares, a deposição do presidente João Goulart e a tortura sofrida nos porões da ditadura. O jornalista integrou o grupo dos 15 prisioneiros políticos libertados em troca do embaixador americano, Charles Elbrick, seqüestrado pela guerrilha urbana em 1969. O meu livro é um testemunho, não uma invenção. Conto de uma época dura, das prisões, da tortura e da morte, mas sem rancor nem ódio, explica Tavares. O autor não segue a cronologia dos fatos, mas a espontaneidade das suas recordações. A linguagem expõe sensações e idéias amadurecidas durante trinta anos, mas redigidas em apenas seis meses. Foi a pessoa sofrida que escreveu, o jornalista só entrou com o estilo e a técnica do bem escrever, afirma. No meio do horror das prisões aparecem humor e ironia, paixão e erotismo. Nada escapa à sua crítica: a guerrilha, a imprensa, os companheiros de militância, os militares e políticos. Analisa a sua própria conduta e aponta erros cometidos em nome da causa transformada em obsessão.