O patriarcado, o machismo são responsáveis pela fundação de muita violência nesse mundo. Suas vítimas são também os próprios homens, criados em franco antagonismo às próprias sensibilidades, mas os alvos principais, as mártires do grande domínio, são as mulheres. Nós, as que contribuimos com os nossos algozes por tantos anos, ofertando o nosso silêncio, ruminando sofrimentos, engolindo opressões psicológicas e físicas diárias, inventando curvas imensas na rota do amor para que pudéssemos deitar, embora sem dormir ao lado da ameaça, do ódio, do desrespeitador. Muitas delas explodiram em legítima defesa, não só da suas circunstâncias, mas também dos tortuosos enredos de tantas vidas. O que é mudo por fora, grita por dentro. A sagaz pensadora Thaís Dumêt sabe disso. É excelente contadora de histórias. Todos nós, diante da sua narrativa, nos realísticos poéticos relatos, sentimo-nos a favor de cada Maria deste livro. Palavras guardadas caçam oportunidades para cumprirem seus desígnios. A justiça feita por homens, pensada a partir de um império falocrata fará bem em beber nestas linhas. Talvez não tenham se dado conta de que a justiça é uma mulher. Elisa Lucinda